A mulher indígena e sua história de luta e resistência

Como sabemos, foram os povos indígenas os verdadeiros descobridores do Brasil. Distribuídos nas cinco regiões do país, atualmente, o Brasil tem pelo menos 817 mil indígenas divididos em 305 etnias. Cinco séculos depois os povos indígenas, também chamados povos originários, seguem na luta por seus direitos, contra toda exploração e na busca de melhores condições de vida para suas populações sejam elas aldeadas ou não.

De acordo com o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, reconhecido por estudar os índios, cerca de 80 povos indígenas desapareceram no Brasil no século XX. Ao longo dos séculos, muitos povos já entraram em contato com os costumes não indígenas, e são cada vez mais raros os grupos ainda vivem isolados.

No início da pandemia, o direito de a comunidade indígena ser vacinada como grupo prioritário, chegou a ser vastamente questionado, pois muitos não reconheciam o direito aos que moram nas zonas urbanas sem considerar que não é uma questão geográfica e sim genética, pois envolve possíveis doenças e resistência imunológica.

Um exemplo de povo que teve seus hábitos ancestrais alterados foi a etnia Tupinambá, conhecida por ser historicamente matriarcal, onde os costumes sempre enalteceram o papel político e social das mulheres nas lideranças de suas comunidades viu o machismo e violência às mulheres adentrarem as aldeias não através de mudanças culturais, mas chegaram com a colonização há mais de 500 anos.

Há 10 anos morando em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, com objetivo de começar a trabalhar como jornalista, Juliene Mikie Kobayashi Katayama conta que não imaginava que essa mudança geográfica fosse agregar tantos conhecimentos de uma cultura tão rica, quanto é a dos povos indígenas. “O estado tem a segunda maior população indígena do país, então é comum a presença da cultura na vida cotidiana. Durante minha carreira conheci algumas lideranças indígenas, muitas dessas mulheres que ajudaram a divulgar a cultura e a luta desse povo. Há várias lideranças em MS seja no mundo da arte, cultura e até na política. Também participei de coberturas jornalísticas sobre disputas territoriais e percebi o quão demorado e burocrático é o reconhecimento da demarcação indígena – o que acaba gerando mais conflitos e mortes”.

Juliene Katayama conta que não imaginava que essa mudança geográfica fosse agregar tantos conhecimentos de uma cultura tão rica como a dos povos indígenas.

Nos últimos anos, o número de mulheres que têm assumido funções mais importantes dentro de suas comunidades, como cacicas e lideranças, tem aumentado consideravelmente e o acesso à educação foi fundamental para que mais mulheres indígenas se pudessem se envolver em política e buscassem ocupar cargos de liderança em suas comunidades e também fora delas, traduzindo esse protagonismo das mulheres indígenas em todas as esferas de poder. 

A Constituição de 1988, confere aos povos indígenas o direito à educação escolar e concede destaque especial a métodos próprios de aprendizagem e ao uso de sua língua materna. 

Outra questão que não se deve passar em branco é a hiperssexualização dos corpos indígenas, pois ela fala também sobre a história do Brasil. Informações extraídas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, revelou que entre 2007 e 2017, foram registradas 8.221 notificações de casos de violência contra mulheres indígenas, a maioria entre 10 e 19 anos.

Coletivamente, além da luta pela sobrevivência, e pelo direito de desfrutar de suas culturas, linguagens, medicinas tradicionais e de toda ancestralidade, uma pauta que une todos os povos indígenas do país é a demarcação das terras. Já que a não demarcação torna os povos, sobretudo as mulheres e meninas, vulneráveis a todo tipo de violência, porque permite que pessoas estranhas adentrem em seus territórios e cometam violência física, estupros, tráfico de mulheres.

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